04 de maio de 2024

MP apura exercício ilegal da medicina e denúncia de caução em hospital de Alta Floresta

Após denúncias de cobrança antecipada para recebimento de pacientes para Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), nesta semana novas denúncias sobre falta de medicação entre outros cuidados para pacientes com covid-19, a promotoria de Justiça Cível de Alta Floresta encaminhou ofício a delegada regional de Polícia Civil, Ana Paula Reveles de Carvalho, requisitando instauração de inquérito policial para apurar as denúncias consistentes e exercício ilegal da medicina no hospital particular que atende pacientes diagnosticados com Covid, regulados pelo Sistema Único de Saúde.   

No início desta semana um médico desabafou nas redes sociais. “melhor vocês realmente terem os 60 leitos com respiradores que funcionem, com medicações que não acabam, com computadores e impressoras que funcionem para os profissionais fazerem suas evoluções, prescrever as medições que tem, porque quando não tem, a farmácia do hospital regula quantas ampolas somente podem ser usadas, porque está em falta né. Daí quando acaba resolve comprar, mas nós médicos que não somos donos né, se reclamar é demitido igual fizeram comigo, não existe humildade nem humanidade de alguns dentro desse hospital, aproveitando pandemia para lucrar, tirando os ventiladores de outras UTIs só para montar uma bonita para mostrar para a auditoria do SUS. Depois que vão embora, volta a bagunça toda”, escreveu.

O médico denunciante foi ouvido pelo promotor de justiça Luciano Martins da Silva e reafirmou as denúncias, na oitiva. “Quando eu fiz um requerimento com ventiladores, pedi para ser protocolado, não foi. Simplesmente amassaram e jogaram fora. Começa por aí. Tem medicações que às vezes não chegam, não sei o que acontece. Deixam para última hora. Na sexta-feira fui fazer medicação e a farmácia avisou que só poderia liberar quatro ampolas, para quem precisa de 8 ou 6. Comecei a ver que quem tinha dinheiro lá dentro ficava em leito melhor e quem não tinha, sofria as consequências. São coisas que não aguentei ver. Meu sogro e sogra quando foram internados, foram pagos R$ 4 mil por leito. Ele internou às 16h e foi receber medicação às 23h. É meio estranho um paciente com febre receber medicação às 11 da noite. No outro dia, não fizeram o remédio no tempo certo”, o relato é de vídeo gravado em reunião com o promotor no dia 12.

O procedimento pela Polícia Judiciária Civil foi iniciado, sob coordenação do delegado Vinícius de Assis Nazário. Haverá investigação preliminar para saber se há prática de crime. As oitivas iniciam nesta quarta-feira (14).

Outro lado

O Hospital e Maternidade Santa Rita emitiu ainda na manhã de terça-feira (13) um comunicado, onde ressalta que todos os leitos credenciados junto ao SUS são direcionados aos pacientes encaminhados pela Central de Regulação Estadual de Mato Grosso, conforme previsto no contrato, e que as equipe não fazem distinção entre o atendimento dado aos pacientes SUS e pacientes particulares.

Confira o comunicado aqui: download notapopulac_a_o_esclarecimentos3.pdf

Já a prefeitura se manifestou via Nota Informativa sobre o caso. Confira:

“NOTA INFORMATIVA

A Prefeitura Municipal de Alta Floresta vem a público noticiar que já tomou conhecimento das denúncias do Dr. Wagner Miranda Jr, e que já conversou com o mesmo pessoalmente e tomará as medidas cabíveis junto aos órgãos de fiscalização competentes e junto a Governo do Estado.

Toda denúncia que envolve vidas, merece ser investigada com toda atenção possível.

A Prefeitura externa seus sentimentos quanto as perdas das famílias, e que neste momento, possamos unir forças na superação desta pandemia.”

Fonte: www.nativanews.com.br (15/04/2021).

Comentários