30 de abril de 2024

MT está em ‘alerta crítico’, e Fiocruz defende 14 dias de quarentena

Com o vírus fora de controle, a Fundação Oswaldo Cruz (Ficruz) chama atenção para a necessidade da adoção de medidas rígidas no Estado, por estar entre as unidades da Federação que se encontram na zona de alerta crítico para a doença.

A recomendação é a restrição com controle rígido das atividades não essenciais por cerca de 14 dias, para redução de aproximadamente 40% do contágio.

Na contramão, na terça-feira (23), os deputados estaduais – com exceção do deputado e médico sanitarista Lúdio Cabral (PT) – reprovaram o projeto de lei 195/2021, do Governo do Estado, que tratava da antecipação de cinco feriados, como forma de conter a disseminação do coronavírus.

A expectativa do Governo era antecipar cinco feriados: Corpus Christi, Consciência Negra, Dia do Servidor Público, Dia do Trabalhador e aniversário dos municípios, que seriam emendados com o feriado da Semana Santa, que ocorre na próxima semana, perfazendo dez dias de paralisação das atividades.

Conforme o presidente da Assembleia Legislativa, Max Russi (PSB), os parlamentares entenderam que apenas decretar os feriados não seria medida suficiente para conter a disseminação do coronavírus.

O entendimento é de que o feriadão provocaria mais aglomeração.

“Nós colocamos todas as dificuldades e um dos argumentos da votação e que vários deputados disseram é que os feriados, por si só, não trariam benefício ao momento de pandemia”, disse.

Já Lúdio Cabral avaliou que os indicadores apontam que o cenário deve piorar ainda mais nas próximas semanas, seguindo a tendência dos últimos 15 dias, que foram as piores de toda a pandemia.

Ele tem monitorado e feito projeções sobre a evolução da Covid-19 desde março de 2020, e observa que o Estado enfrenta o pior momento da pandemia, com o caos no sistema de Saúde, principalmente em função variante amazônica do vírus, que é mais contagiosa, mais letal, produz quadros clínicos mais graves e pode reinfectar quem já teve a infecção.

“Com o sistema de saúde em colapso de leitos de UTI, com a exaustão das equipes de saúde, e com sinais de que podem faltar insumos importantes para o atendimento a casos graves (materiais e medicamentos), a realidade exige que se decrete quarentena em todo o território de Mato Grosso e que seja acelerada a vacinação da nossa população. Essa quarentena deve restringir as atividades não essenciais e permitir que os serviços essenciais funcionem sem restrição de horário. Além disso, o Estado precisa dar proteção econômica aos trabalhadores e aos setores econômicos mais vulneráveis”, disse.

A recomendação também consta em boletim extraordinário do Observatório Covid-19 da Covid-19.

Segundo o documento, é necessário adotar restrição das atividades não-essenciais por cerca de 14 dias para redução de aproximadamente 40% da transmissão, e o uso obrigatório de máscaras por pelo menos 80% da população.

Os pesquisadores da Fiocruz alertam que, neste momento de crise, é urgente a adoção rigorosa das medidas de bloqueio da transmissão na quase totalidade dos estados e capitais que se encontram na zona de alerta crítico, bem como nos municípios que integram regiões de saúde onde há altas taxas de ocupação de leitos UTI Covid-19.

É o caso de Mato Grosso, onde a ocupação dos leitos intensivos aproxima-se dos 100%.

“A coordenação e integração destas medidas, articuladas entre os diferentes níveis de governo e com ampla participação da sociedade, é vital neste momento. Assim, mesmo que vários municípios e estados já venham adotando estas medidas, é fundamental que governos municipais, estaduais e federal caminhem todos na mesma direção para ampliá-las e fortalecê-las, uma vez que a adoção parcial e isolada nos levará ao prolongamento da crise sanitária”, afirmam.

Entre casos confirmados, suspeitos e descartados para a Covid-19, há 504 internações em UTIs públicas e 531 enfermarias públicas.

Dos 294.974 casos confirmados da Covid-19 em Mato Grosso, 15.529 pessoas estão em isolamento domiciliar e 270.228 estão recuperadas.

Em 24 horas (entre os dias 22 e 23 deste mês), foram notificados 3.019 novos infectados e 95 óbitos.

Só na última segunda-feira, foram 125 óbitos, o maior número de pessoas que perderam a luta para o vírus registrado desde o início da pandemia, no Estado.

A Secretaria de Estado de Saúde notificou, até a tarde de quarta-feira (24), 294.974 casos confirmados da Covid-19 em Mato Grosso.

Dentre os dez municípios com maior número de casos de Covid-19 estão: Cuiabá (63.656), Rondonópolis (22.683), Várzea Grande (18.773), Sinop (14.780), Sorriso (11.276), Tangará da Serra (10.723), Lucas do Rio Verde (10.054), Primavera do Leste (8.696), Cáceres (6.434) e Nova Mutum (5.651).

PROJETO – Para tentar conter o avanço, o Governo do Estado promete endurecer o cumprimento das medidas restritivas aprovado pela Assembleia Legislativa.

Para isso, as multas aplicadas a pessoas físicas e empresas que desrespeitarem as regras serão triplicadas em caso de reincidência.

Conforme a Lei n° 11.316/2021, a multa é de R$ 500 para o cidadão e R$ 10 mil para a empresa. Ou seja, com a nova lei, em caso de reincidência, o cidadão poderá arcar com penalidade de R$ 1.500 e as empresas com R$ 30 mil.

Além disso, se houver três descumprimentos, os estabelecimentos serão interditados por 30 dias “por grave lesão à saúde pública”.

Dentre as regras previstas em decreto estão a proibição de todas as atividades econômicas das 19 horas às 5h, de segunda à sexta. Aos sábados e domingos, a proibição será após o meio-dia.

A exceção fica por conta das farmácias, imprensa, serviços de saúde, funerárias, postos de gasolina (exceto conveniências), serviços de manutenção de atividades essenciais, como água, energia, telefone e coleta de lixo, entre outros. Também os supermercados poderão funcionar nos sábados das 5h às 19 horas; o transporte coletivo e congêneres com Uber e 99, podem funcionar normalmente e toque de recolher a partir das 21 horas até às 5h, com proibição de circulação.

Fonte: www.nativanews.com.br (25/03/2021).

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